CONTEÚDO
Lock-up
O que é o período de lock-up?
Um período de lock-up (travar), é um período em que investidores não podem vender ou resgatar ações ou cotas de um investimento.
Costuma ser utilizado em fundos de investimento e Initial Public Offerings (IPO).
Lock-Up de Fundos de Investimento
A restrição de liquidez para o resgate de cotas (prazo de resgate) em alguns fundos de investimento serve para possibilitar que o gestor do fundo tenha tempo hábil de adequar os pedidos de resgate com a estratégia de investimento do Fundo.
Em um fundo sem restrição, um excesso de resgate de cotas pode obrigar o gestor a vender ativos do fundo em momentos desfavoráveis, prejudicando a performance do fundo e dos demais cotistas.
Assim, é comum que fundos com estratégias de investimento mais longas, como os fundos multimercado e de ações, tenham restrições de liquidez para o resgate.
As restrições são informadas no formato "D+30", onde D é o dia em que o cotista comandou o resgate. Nesse caso, o cotista receberá o dinheiro apenas 30 dias após comandar o resgate.
Esse prazo permite ao gestor verificar sua necessidade de capital para honrar os resgates das cotas e planejar sua estratégia de acordo.
IPO Lock-Up
Um IPO (Oferta Pública Inicial em português) é o momento em que uma empresa abre seu capital e começa a negociar sua ações na Bolsa de Valores.
Em alguns casos é previsto um período após o IPO em que os acionistas majoritários e demais insiders não podem vender suas ações. Entre outras coisas, isso visa:
- Passar confiança quanto a solidez da empresa; e
- Evitar um excesso de vendedores da ação, o que pode gerar uma queda nos preços.
É possível que o lock-up seja aplicado também aos investidores que adquiriram as ações no IPO. O principal objetivo dessa restrição é evitar a flipagem.
"Flipar" (da expressão inglesa to flip) é a estratégia de comprar ações em um IPO e vendê-las assim que se iniciarem as negociações na Bolsa de Valores.
Por exemplo, a VIVARA S.A, especificou no prospecto do seu IPO que investidores dispostos a aceitar um período de lock-up, teriam vantagem na distribuição das ações (rateio):
Aspectos Positivos
Em um IPO, a informação disponível ao mercado é muito restrita. Sócios majoritários da empresa e pessoas com acesso à informações privilegiadas podem saber de aspectos negativos que não estão bem claros nos prospectos de emissão.
Isso torna possível a majoritários mal intencionados venderem as ações de sua empresa a preços atrativos no IPO e, logo em seguida, vender grande parte de suas ações antes que a "parte podre" da empresa venha a tona, "passando o problema" para os investidores que participaram da abertura de capital.
O período de lock-up evita que o acesso às informações privilegiadas permitam essa manobra e coloca os sócios majoritários em patamar de igualdade aos minoritários.
Aspectos Negativos
Por outro lado, o lock-up pode ter o efeito inverso do desejado.
No caso de uma empresa que não deixe bem claro no prospecto do IPO aspectos negativos que possam impactar sua performance no futuro, é possível arrecadar muito dinheiro no IPO e, em seguida, liberar a "bomba" de informações negativas.
Como os investidores estarão "presos" às suas ações, não haverá um pressão vendedora sobre o preço, o que reduzirá as chances de quedas bruscas.
Mantendo o preço da ação estável, a empresa mantém uma aura de sucesso.
Como é comum que investidores olhem mais para o preço da ação do que para os fundamentos da empresa, investidores desavisados poderão acabar se deixando levar por essa falsa impressão de estabilidade.
Quando o mercado se der conta de que nem tudo era como parecia ser, já será tarde demais.
Lock-Up e o Investidor
É importante que o investidor tenha consciência da existência de períodos de lock-up seja no caso dos fundos de investimento ou nos IPO.
No caso dos fundos de investimento é preciso atentar que o resgate será feito pelo preço da cota no dia especificado e não no dia que o investidor comandou o resgate.
Assim, em um fundo "D+30", o investidor que comandar o resgate de suas cotas estará exposto a variação de preços que pode ocorrer nesse período.
No caso dos IPO, de maneira geral, o mais prudente ao pequeno investidor é evitar participar desses eventos. Os riscos envolvidos normalmente não são compensados pela expectativa de retorno.
Empresas boas continuarão gerando rendimentos aos seus acionistas, 5, 10 ou 15 anos após o IPO. A diferença é que, após 5 anos do IPO, o investidor terá muito mais informações para fazer sua análise.
De qualquer maneira, ao participar de um IPO, esteja atento a todas as restrições envolvidas, ao destino que a empresa pretende dar ao dinheiro arrecado e aos riscos do negócio.
O ideal é evitar ficar preso às ações e avaliar se a empresa está cumprindo o que cumpriu no prospecto. A qualquer sinal de problemas, você vende suas ações.